Jesuíta coadjutor (irmão), pedreiro, carpinteiro, mestre de obras, arquiteto e piloto. «Natural do termo de Alenquer, onde nasceu por 1538. (Os Catálogos do Brasil dão-no DIAS, FRANCISCO de Nossa Senhora da Merciana, e ele era o Ir. Companheiro do Provincial, o de Portugal, dá-o de Paúl, nas vizinhanças, talvez residisse aqui ao entrar na Companhia). Entrou a 28 de Maio de 1562, e o Catálogo de 31 de Dezembro desse ano, trá-lo em Lisboa com a sua profissão de 'architectus'. No dia 28 de Maio de 1564 fez os votos do biénio, de que se guarda a fórmula autógrafa, assim como a dos últimos votos, mais tarde na Baía, a 30 de Novembro de 1583. No mesmo ano em que fez os primeiros votos, isto é em 1564, residiu algum tempo, com o título expresso de Arquiteto, na Corte de El-Rei em Almeirim, e logo em Lisboa durante a construção da famosa Igreja de S. Roque, de que foi Mestre de Obras. A sua especialidade profissional era a de pedreiro, mas como arquiteto e mestre de obras superintendia às de construção geral. A Igreja de S. Roque inaugurou-se no dia 29 de Novembro de 1573, continuando as obras, até que ao pedir-se do Brasil um Arquiteto, foi ele o designado, por concessão e ordem do P. Geral. Achando-se que fazia falta, o Provincial Manuel Rodrigues representou ao P. Geral em Abril de 1577, 'Tratei com os Padres de S. Roque e achamos ser muito necessário este ano o Ir. Francisco Dias nesta Casa, porque esperamos que se acabe a Igreja e o mais que falta do edifício, o qual tudo é de muita importância e depende deste Irmão, que anos há traz tudo entre mãos e sabe o particular de cada coisa e como tudo se há-de fazer. E partindo para o Brasil este ano, como V. Paternidade ordena, será notável falta'. Não obstante partiu, e ainda que em 1579 o P. Geral ordenou a sua volta, conseguiram os do Brasil que ficasse. E foi Arquiteto e revisor das obras dos Colégios e Igrejas de toda a Província. Em breve se agregou ao grupo da Cúria Provincial, e, como as visitas eram por mar, tomou também conta do navio da Provinda como piloto, e em 1598 classifica-se de egrégio em Arquitetura e em Náutica ('habet talentum egregium ad Architectonicam et Nauticam') No seu tempo construíram-se três Igrejas, a dos Colégios do Rio de Janeiro, de Santos, e de Olinda, de que ele fez os planos. Também reviu os da Baía, com 'muito acordo', mas demorou-se tanto a construção desta última, que quando se edificou já houve mudanças. Da Igreja do Rio de Janeiro Francisco Dias traçou o plano em 1585 e a Igreja inaugurou-se no Natal de 1588, a de Santos estipulou-se pelo mesmo ano de 1585 e abriu-se ao culto em 1600, a de Olinda, 'pela traça de S. Roque',) estava quase concluída em 1597. A Igreja de Santos durou um século, a do Rio de Janeiro manteve-se de pé até ao desmonte do Morro do Castelo já neste século XX (1922), a de Olinda, apesar de incendiada por ocasião da invasão holandesa, resistiu na sua estrutura arquitetônica e ainda existe, segundo o exame técnico dos Serviços do Património Histórico e Artístico Nacional. Este facto dá-lhe maior relevo. Os primeiros planos referentes a Olinda datam de 1584. Escreve Fernão Cardim, 'Aos 18 de Agosto [de 1583] partimos [da Baía) para Pernambuco, a saber, o P. Visitador [Cristóvão de Gouveia]. P. Provincial [José de Anchieta) P. Rodrigo de Freitas [Procurador], os Irmãos Francisco Dias e Barnabé Telo e outros Padres e Irmãos'. Não puderam ir avante por acharem monções contrárias. Arribaram e só no ano seguinte de 1584 retomaram a viagem de Pernambuco em que já não foi o Provincial por estar doente. Ao nome de Francisco Dias, da citação de Cardim, pôs Rodolfo Garcia esta nota, que indica o estado destes conhecimentos históricos em 1925, '0 Ir. Francisco Dias foi um dos que vieram na leva do P. Gregório Serrão em 1578. Faltam notícias a seu respeito'. Como já hoje se sabe, a revisão das obras dos diversos Colégios, distantes entre si, fazia-se por mar e o Ir. Francisco Dias, constituído companheiro do Provincial, reunia as duas funções de construtor e de marinheiro e foi piloto do navio da Província 38 anos 'sem nunca padecer naufrágio'. Depois, já velho, quando não era para navegar, ficou a residir no Colégio do Rio de Janeiro, à frente da oficina de carpintaria, e assim era ainda em 1619 e 1621. Em 1631 aparece com 97 anos de idade, mas pelos primeiros Catálogos devia andar à roda dos 93. O benemérito, resistente e ilustre Irmão, ainda durou mais dois, falecendo a 1 de Janeiro de 1633 na cidade do Rio, com 95 anos de idade. E os seus contemporâneos, que o admiravam pelos seus serviços, começaram também a venerar as suas relíquias como santo.» (Leite, Serafim, Artes e ofícios dos jesuítas no Brasil, 1549-1760)
Id ATLAS | Cargo o Posición | Lugar | Descripción del Lugar | Desde | Hasta |
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0 | Ingresso na Companhia de Jesus | 1577 |