Recolhimento feminino (clausura) em Olinda, cujo embrião remonta a 1560. Em 1585, sob a iniciativa de Maria da Rosa, que deixou a capela da Senhora das Neves aos recém-chegados frades franciscanos a Olinda, transferiu-se para este recolhimento, junto com outras mulheres da Vila.
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"No ano de 1585, a congregação das religiosas de Nossa Senhora da Conceição era proprietária de uma igreja e algumas casas em local próximo ao do Hospital da Santa Casa de Misericórdia, no Alto da Matriz, em Olinda. Nesse mesmo ano, doaram essas casas a D. Maria da Rosa. Esta era o que se dizia "língua", por intermediar, inclusive confissões, dos índios aos padres. No ano de 1631, todas as construções foram incendiadas. Em 1666 esse património passou para a Santa Casa da Misericórdia de Olinda. O recolhimento, então em forma conventual, foi edificado, lentamente, a partir do ano de 1676. A igreja atualmente existente tem suas características arquitetónicas relacionadas com o gosto da segunda metade do século XVII, ou seja, do barroco. O interesse maior reside no pórtico em arcadas à maneira franciscana. O interior tem belíssimo forro pintado da segunda metade do século XVIII, além de painéis de azulejos figurados de igual momento histórico. As pinturas pertencem a um conjunto de grande interesse existente em Olinda e no Recife. São pinturas sem identificação de autoria. O convento, de desenho muito sóbrio, está edificado ao lado e fundos da igreja."
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"Já no século XVI, houve uma tentativa de fundar uma casa de clausura feminina na capitania de Pernambuco. Os jesuítas, preocupados com a educação das filhas mestiças dos fidalgos portugueses com as nativas, fundaram um embrião de recolhimento por volta de 1560. Essa instituição ficou sob o encargo da mesa regedora da Irmandade de Nossa Senhora da Conceição e passou a chamar-se Recolhimento de Nossa Senhora da Conceição, funcionando na vila de Olinda. As informações mais precisas sobre a casa remontam a 1585, quando a Irmandade, em reunião, decidiu lavrar escritura de sua igreja com mesma invocação mais algumas casas a ela contíguas e terrenos anexos, que eram utilizados para serviço da confraria, doando-as à terceira regular D. Maria da Rosa, matrona nascida no Reino e abastada viúva de Pedro Leitão, momento esse em que teria transformado as edificações existentes em recolhimento.
As instalações foram ampliadas às suas custas, obtendo a cooperação financeira de amigas e companheiras que já envergavam o hábito da Ordem Terceira de S. Francisco que com ela ali se recolheram. A partir de então, transferiu-se do retiro de Nossa Senhora das Neves, também por ela fundado e onde já vivia reclusa desde que enviuvara, doando a propriedade aos franciscanos que chegavam a Pernambuco para instalarem no lugar a Custódia de Santo Antônio do Brasil. A Irmandade de Nossa Senhora da Conceição, umas das primeiras erigidas no Brasil e que congregava gente de qualidade, amparou as recolhidas de Nossa Senhora das Neves, trazendo-as para habitar no espaço físico pertencente à confraria com promessa de construírem mosteiros ou conventos para religiosas professas, sonho que foi acalentado por séculos.
A história da fundação do Recolhimento de Nossa Senhora da Conceição em Olinda foi contada principalmente por dois cronistas e um historiador. Aqui nos referimos a D. Domingos Loreto Couto e frei Antônio de Santa Maria Jaboatão, cronistas eclesiásticos do século XVII, e ao historiador pernambucano do século XIX Francisco Augusto Pereira da Costa. Além desses, incorporamos em nossa análise o Livro 1 do Recolhimento de Nossa Senhora da Conceição em Olinda, que, embora seja do século XIX, recupera, em suas páginas iniciais, a trajetória da casa e os Avulsos de Pernambuco depositados no Arquivo Histórico Ultramarino."